O Congado ou reinado é uma das manifestações populares mais importantes da cultura brasileira. Aliás falar nisso é redundância. Apesar de alguns "narizes torcidos" da elite cultural, até que enfim foi reconhecido pelos gestores públicos, notadamente a partir de Gilberto Gil. Em Minas Gerais, o mais antigo registro a seu respeito encontra-se em Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas, de 1711, escrito pelo padre jesuíta italiano João Antôni Andreoni que assistiu a festa produzida em Vila Rica naquela época. Segregados pelos brancos e proibidos de entrar nas igrejas católicas, os negros se reuniam nos adros e mais tarde criaram suas próprias irmandades, construíram seus templos e constituíram seus próprios reis, rainhas princípes e princesas, no que veio tornar-se o Reinado de Nossa Senhora do Rosário.
Divinópolis tem uma forte tradição de congadeiros. Aliás todo o Centro-Oeste mineiro é rico em ternos de moçambiques, congos, catupés e tantas outras trupes dessa original manifestação popular, que alguns ainda teimam em chamar de folclore. Não é! É cultura de resistência mesmo, cultura popular na sua mais legítima identidade. Com o tempo, artistas contemporâneos descobriram a sua riqueza cultural e a reproduziram com outras lentes. É o caso do fotógrafo mineiro Alex Salim que com sua mostra Retratos de Fé e Cultura, correu mundo enfocando a centenária tradição. Suas fotos eternizam o reinado divinopolitano e mineiro. O Festival da Primavera 2009 promoveu um eixo exclusivo sobre Cultura Popular, com ênfase no Reinado, onde teremos oficinas, debates e apresentações de grupos reinadeiros de Divinópolis e região.
(Fonte Histórica: Congado: um retrato de fé e cultura, Mauro Eustáquio Ferreira)
Foto de Alex Salim - Mestre Tiziu