sexta-feira, 22 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

AS ORIGENS DA CULTURA MINEIRA


Investigar a cultura de um povo de forma artística e traduzir esta expressão em dança e música sempre foi o intuito DE INÚMEROS ARTISTAS BRASILEIROS na elaboração de seus shows. É uma tarefa geralmente ingrata num país onde a indústria cultural aposta na mesmice e no populismo musical para alavancar suas vendas. Os organizadores do Festival da Primavera de Divinópolis acreditam na presença de um caráter mineiro, de um mineirismo, ou para ser atual, de uma mineiridade implícita e característica do povo mineiro. Desta maneira, a pesquisa das atrações parta o evento desse ano procura investigar em algumas manifestações folclóricas existentes no estado, as origens, os usos e costumes existentes nas músicas, folguedos e danças que fazem parte da expressão cultural mineira e que tradicionalmente são representativos de um significado na postulação de uma identidade cultural do povo mineiro.

O Estado de Minas Gerais apresenta, segundo MARTINS 1991, 46 Micro-regiões e 10 unidades culturais. Esta distribuição não encontra unanimidade na bibliografia sobre o assunto. No site da Secretaria de Turismo do Estado de Minas, http://www.descubraminas.com.br encontramos outra distribuição das regiões culturais, que divide o estado em 06 regiões culturais, a saber: São Francisco, Mineração, Café, Zona da Mata, Triângulo Mineiro e Nordeste, a mesma utilizada pelo Atlas de festas populares do estado de Minas Gerais, do Instituto de Geociência aplicada – IGA, do Governo do Estado de Minas Gerais, de autoria da Professora Deolinda Alice dos Santos.

A despeito do intuito didático de tais delimitações, deve-se fazer a ressalva de que talvez se trata de uma tentativa de circunscrever algo relativamente indelimitável. Além disso, aspectos culturais transcendem as fronteiras políticas do estado. A incorporação de tantos elementos faz de Minas, portanto, uma espécie de celeiro cultural. Nota-se marcadamente, na pretensa cultura mineira, influências oriundas de diferentes povos, o que proporcionou muitos tipos de “mineiridades”, dotando o estado de manifestações únicas e típicas, e uma extrema diversidade entre as suas próprias regiões.

Destaca-se também na história de Minas Gerais uma forte influência na intenção de formação do Brasil como nação. Estima-se que a colonização e a descoberta do ouro e dos diamantes trouxeram para as terras mineiras cerca de meio milhão de pessoas, em uma das maiores migrações registradas na história do país. As quantidades de minérios e de ouro extraídas entre 1700 e 1800 foram superiores a tudo o que havia sido produzido anteriormente no mundo, incluindo as minas do Rei Salomão.

Pode-se dizer que o início do processo de construção de uma nação brasileira se deu a partir da descoberta do ouro em Minas Gerais, já que muitas pessoas, de todas as procedências e de todas as partes da colônia, vieram para cá em busca de desenvolvimento e riqueza. Essa situação gerou muitos conflitos de ordem social e política, reivindicações e protestos em relação à dominação portuguesa, além de lutas pela independência e pela consolidação da pátria brasileira, dentre os quais destaca-se o famoso levante colonial, a Inconfidência Mineira (feitas, certamente, as ressalvas quanto ao caráter elitista da mesma). A hipótese parece pretensiosa, mas relativamente plausível. Por outro lado, a noção de unidade da pátria brasileira também é questionável. De qualquer maneira, daremos continuidade à explanação dos argumentos históricos que concorrem para uma idéia de mineiridade.

Dentro do contexto mencionado, a exploração do ouro na região mudou drasticamente o panorama cultural, social e econômico da antiga província. Contingentes demográficos numerosos e diversificados, vindos de todas as partes da colônia, foram atraídos para as Minas Gerais dando ao país o seu primeiro surto migratório. Não eram mais os portos litorâneos ou os poucos arraiais isolados e usados apenas como pouso que chamavam a atenção do explorador, mas sim as riquezas do novo eldorado. Vindos de todas as regiões do país, os exploradores em busca do ouro traziam para as terras mineiras, a atividade produtiva das mais distintas partes da colônia.

Do Rio de Janeiro, que era o principal porto de saída do ouro, chegavam as mercadorias estrangeiras e mais escravos africanos; de São Paulo, saíam novas levas de bandeirantes em busca de minerais preciosos. Do extremo Sul, os tropeiros gaúchos, fornecedores de carne bovina e de muares usados no transporte; do Nordeste, os fazendeiros, trazendo da Bahia e de Pernambuco o gado e os produtos agrícolas; de mais longe ainda, os curraleiros do Maranhão, do Piauí e do Pará. Desta maneira, as áreas de mineração em Minas Gerais foram ponto de confluência de pessoas proveniente de diferentes partes da colônia e da África, que, atraídos pelas riquezas do novo eldorado, possibilitaram o desenvolvimento de uma cultura marcada pela diversidade e pela constituição do tipo mestiço, tido por alguns como, nas devidas proporções, como “verdadeiramente” brasileiro.

Foi também inegável a contribuição dos imigrantes portugueses, cujo legado trouxeram do Portugal agrário, de aldeias pequenas e pobres, sem qualquer mediação com a vida urbana. Trouxeram consigo valores tradicionais de festas em louvor a santos, do culto à vida doméstica e do apego ao patriarcalismo, implantando-os em terras mineiras. O conceito da tradicional família mineira estaria ligada a esses aspectos patriarcais e na defesa das mulheres de aventureiros que se atiravam no solo das Minas. O autor postula, assim, que graças ao ouro das terras mineira que ocorreu o milagre da integração brasileira num evidente contraste com o que se passava no lado hispânico do continente, pulverizado em dezenas de nações.

Outro fator preponderante na formação cultural do estado mineiro foi a presença da Igreja Católica. De acordo com DIAS, 1971, em Minas Gerais o catolicismo assumiu a forma contra-reformista que, apoiada na pompa e na ostentação, pregava a elevação do espírito a Deus. Diversas manifestações culturais existentes atualmente nas terras mineiras surgiram no embate entre a religião e o poder do ouro. As maiores heranças desta época são as riquíssimas igrejas e esculturas talhadas em ouro e pedras preciosas, dedicadas ao encontro do espírito com o divino e as festas existentes no estado que homenageiam santos padroeiros. Impregnado de elementos riquíssimos, o ritualismo marcava todas as manifestações comunitárias. Pode-se verificar, por exemplo, através do pagamento de promessas, cantigas, danças, músicas, orações, levantamento de mastro para homenagear os santos padroeiros e os belos cortejos com as suas características próprias. Temos em vista, enfim, que a história consiste também em releituras do passado e apenas a elas temos acesso.


terça-feira, 5 de maio de 2009

JUBAH no Festival 2009


O cantor e compositor mineiro JUBAH é presença confirmada no IV Festival da Primavera de Divinópolis. Com um trabalho voltado para a pesquisa DAS RAÍZES TRADICIONAIS com a música contemporânea, JUBAH está de parceria nova com o compositor Lysias Ênio (irmão do consagrado João Donato). Os dois lançam o cd O JOGO no próximo dia 16 de maio, no Rio de Janeiro, no espaço cultural Maurice Valansi. Os parceiros traduzem esse encontro como uma mistura entre o exato e o poético, a ciência e o profético, como consequência inevitável do carteado de idéias do acaso que os reuniu. O cd é imperdível e vai aí JUBAH E LÍSIAS ÊNIO post em primeiríssinha mão, após o seu lançamento!

domingo, 3 de maio de 2009

Anthonio das Gerais


O cantor mineiro Anthonio esteve presente em duas edições do Festival da Primavera de Divinópolis. Na estréia do Festival em 2005, fez um inesquecível show na Praça do Santuário e no ano passado, lançou o seu cd Bricabraque em show no Teatro Municipal Usina Gravatá. Anthonio é atração certa do Festival deste ano! Não desmerecendo os grandes artistas naturais de outras regiões do Brasil, sem dúvida, Minas Gerais é um celeiro de muitos talentos. Certamente o que garante ao artista o respeito ao seu trabalho é a dedicação e amor à arte, qualidades presentes na trajetória do cantor, compositor, ator, diretor musical, bailarino, percussionista, isto é, do versátil Anthonio. Um dos maiores méritos de Anthonio é não estar preocupado em realizar um trabalho voltado somente ao mercado, mas sim buscando a consolidação de uma carreira através de projetos compromissados com a valorização da cultura brasileira e ao lado de profissionais de grande respeito no teatro e música. Um dos momentos mais importantes e bonitos de sua trajetória profissional foi a participação no show "Tambores de Minas" de Milton Nascimento dirigido por Gabriel Villela (1997). Anthonio é um grande admirador das manifestações culturais do interior de Minas e as suas composições são inspiradas, sobretudo, nas tradições de sua região como o congado, as festas populares e religiosas. Em 2010 foi coroado Rei Perpétuo de São Benedito, pelas irmandades de Reinado de Divinópolis.MG, honraria dada aqueles que divulgam essa importante manifestação cultural brasileira (foto Nilo Ferreira).

ORIGEM DA EXPRESSÃO MINEIRA "UAI"



O leitor e amigo Saulo Santiago, de Brasi­lia, DF, traz interessante contribuição à colu­na: O berço da expressão popular dos minei­ros UAI. Segundo o odontólogo Dr. Sílvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, foi o presidente Juscelino Kubitschek que os in­centivou a lhe pesquisar a origem. Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Es­tado de Minas Gerais, Dorália encontrou explicação provavelmente confiável.

Os Inconfidentes Mineiros, patriotas mas considerados subversivos pela Coroa Portu­guesa, comunicavam- se através de senhas, para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem macônica, recebiam os compa­nheiros com as três batidas clássicas da Ma­cônaria nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam: quem é ?, e os de fora respondiam : UAI - as iniciais de União, Amor e Independência. Só mediante o uso dessa se­nha a porta seria aberta aos visitantes.

Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorpora­ram ao vocabulário quotidiano, quase tão indispensável como tutu e trem. Uai, sô ...

Os Inconfidentes Mineiros de 1789 / Entrada de D. Pedro Na Rua do Carmo - "Monumento à Independência" Ettore Ximenes